As obras apresentadas fazem parte de um projeto de exposição intitulado “Escavações”. Este projeto vem sendo executado desde 2018. 
O tema da pesquisa se deu pelo meu interesse por assuntos relacionados a educação e inteligência emocional, que no meu entender, a falta destas interferem no indivíduo e consequentemente no coletivo em miríades de aspectos positivos e ou negativos.
Na arqueologia a escavação é uma fase crucial, é o momento em que se descobre os artefatos que ficaram soterrados por camadas de sedimentos. 
Ao contrário da arqueologia que se baseia nos vestígios encontrados nas escavações para uma análise histórica, nas obras apresentadas, são os sedimentos que têm a sua representação simbólica das camadas que compõe a psique humana.
Os trabalhos representam sedimentos acumulados pela passagem do tempo, originados pelos sentimentos não expressados. A proposta é escavar este “entulho” emocional acumulado e ao se revelar, trazer a libertação e cura definitiva, tanto individual como coletiva. A intenção também é questionar os vazios, decorrentes da retirada das camadas.
As letras que aparecem nas obras representam estes sentimentos soterrados, palavras que se perderam quando não verbalizadas. Para onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos? 
A cera de abelha utilizada nas obras têm como propósito criar um ambiente orgânico e vivo, onde tudo se molda e se transforma como no ciclo da vida, assim como as madeiras que compõem os trabalhos, através dos seus veios, representam a sedimentação e passagem do tempo, já o cimento representa os bloqueios endurecidos.
Os mapas topográficos quando adquirem formas de nuvens são ideias ainda em construção, aquilo que não se concretizou ou se expressou, e, se não entrarem no nível da realização e experimentação, se cristalizam nas camadas endurecidas pelo tempo.
As esferas quando utilizadas nos trabalhos representam a mobilidade, o elemento que consegue atravessar as barreiras, o que traz a luz e possibilita a cura. 
A proposta desta série é provocar no espectador questionamentos sobre o tema e suas representações simbólicas, existem pistas possíveis e perguntas que surgem ao redor de cada elemento reunido nas obras.

Instagram: @beatrizsimoesdoamaral
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