Em trabalhos anteriores, Cristhina Bastos vinha algum tempo refletindo sobre a constituição celular dos casulos. Por meio de estudos plásticos, no exercício de tecer e construir objetos cuja delicadeza do fio de cobre ou a aspereza da corda, convida o olhar ao seu interior, o que carregam e gestam dentro de si. Rígidos, porém porosos ao seu entorno, incorporam os elementos dos espaços que os acolhem.
Já na presente proposta, a trama de blocos em metal não possui uma disposição final pré-definida. Sua forma de estar no mundo depende diretamente de quem e de como se manipula. Cada movimento, cada ajuste, transforma o restante dos elementos, uma vez que são ligados em uma relação sem início nem fim.
Há nesse processo tanto o impulso da curiosidade quando da incerteza e da angústia. Em clara relação com o momento em que nos encontramos, em que estamos postos à prova de adaptações, percebemos que decisões tomadas individualmente e/ou isoladas têm um impacto direto no tecido social.
Há um equilíbrio entre as ações no processo de cortes, dobras e costuras, que são antagônicas e complementares pela dosagem do uso da força, das ferramentas e do material, moldando os fios nas formas cúbicas, criações tipicamente humanas.

Clara Sampaio
Mestra em Artes com pesquisa sobre os temas curadoria e prática artística pela Universidade Federal do Espírito Santo e Doutoranda em Arte Contemporânea pela Universidade de Coimbra

Instagram: @cristhinabastos
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