A pesquisa do projeto Entre Tempos, iniciada em 2020, investiga o potencial abstrato, afetivo e material de uma casa antiga que será demolida. A prática tem possibilitado gerar uma nova experiência com o lugar que, apesar de não ter mais sua função de habitação e agora ser uma ruína, é marcado pelo tempo, memória e afetividades. Aliás, a própria experimentação tem sido movida pela ação do tempo que cria suas sentenças. O ontem que traz os restos e a condição da matéria; o hoje que revela os modos do fazer permitindo que o gesto intervenha na velha construção e, o amanhã, prenúncio da transformação da matéria que continua a se deteriorar nas telas por sua condição intrínseca. Entre os desenhos moventes que surgem, camadas dessa epiderme e suas cores são reveladas a cada extração em diferentes tons e profundidades. As paredes se mostram como uma espécie de sítio arqueológico, onde são recolhidos itens de interesse de uma investigação e que servem a uma cartografia específica. As coletas são transferidas do seu contexto natural e são atualizadas na pintura. Destaca-se ainda, a constante relação de troca com o lugar que dá e recebe, registrando assim o gesto atual e o olhar do artista.
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